Olá pessoal,
Hoje eu queria deixar aqui um texto que li numa lista de discussão da qual faço parte. É uma lista sobre a humanização do parto e, claro, sobre a conscientização de mulhers e homens envolvidos nesse processo. É muito interessante poder ler e trocar experiências com pessoas que pensam mais ou menos parecido com a gente. Tem sido de grande ajuda pra mim, para desmestificar ainda mais histórias que envolvem o nascimento de uma criança, evento esse tão natural, fisiológico, mas que vem se transformando num mercado, entrando no ritmo louco da sociedade atual.
Essa lista, assim como tantas outras existentes (ainda bem que existem muitas), procura sempre basear os argumentos em evidencias científicas, mas, numa dessas discussões, umas das participantes levantou um outro lado, tão importante quanto o discurso racional, que é o emocional. Como ela mesmo fala: o ENCANTO do parto. Li e me emocionei bastante.
"Não são as evidências que podem resgatar o parto. É o resgate do ENCANTO do que um parto natural pode ser. É a sedução. Não sedução no sentido do engano, mas da conquista pelo desejo mesmo.
Acredito que muitas mulheres desejam marcar cesáreas, porque pensam que estão escolhendo o menos pior para si mesmas e seus bebês. Não se grita, não se judia da "paciente" anestesiada que vai boazinha pra cesárea. No fundo, não desejam de verdade a cirurgia. Quando perguntamos a elas por quê querem cesárea, elas respondem com mitos de bebê sufocado, ou então afirmações do tipo "prefiro um corte na barriga a um na vagina", ou então dizendo que a prima da vizinha da irmã sofreu muito porque o médico subiu na barriga dela, usou fórceps, gritou muito com ela etc,etc... Ou seja, falas de quem não faz idéia do que seja um parto respeitoso de verdade.
Mas posso apostar que se elas soubessem, e além de saber, se pudessem sentir-se capazes de parir naturalmente, (pois muitas dizem: é lindo, mas EUZINHA não conseguiria...) se soubessem do jeito que PODE ser, sendo respeitadas e acompanhadas em todo o processo, vivenciando e participando do nascimento do próprio filho, não abririam mão do seu parto de jeito nenhum. Assim, eu sinto que hoje, o resgate do parto natural passa sim pelas evidências científicas, mas avança na direção do resgate do parto belo. Assim como existe a idealização da primeira vez, que possa existir também o PARTO. Maiúsculo. O parto que faz uma mulher se sentir linda, perfeita, poderosa, fêmea, mamífera, mãe competente desde o primeiro segundo... Como todo parto deveria ser. O parto que faz tremer o mundo masculino, pela força da beleza e transformação.
Se a gente quer mesmo transformar a realidade do nascimento no Brasil, acredito que não é mostrando os males da cesárea e as evidências científicas que provam que o parto normal ou natural é melhor. É mostrando a cada mulher um sonho de parto possível, e muito diferente desse parto que essa sociedade tem nos oferecido. Que se acenda o desejo desse parto em todas as mulheres, e aí sim abalaremos qualquer estrutura. Um desejo aceso e apaixonado me parece ter muito mais força que qualquer evidência.
Depois de muito bater cabeça, minha pergunta atual tem sido essa: Como tornar a BELEZA do parto acessível a todas as mulheres? Como acordá-las para a realidade de que esse desejo pode se realizar e o parto pode ser a exepriência mais linda de suas vidas?" (Texto de Thais Stella, participante do grupo "Parto Nosso")
Bom, desde antes de ficar grávida, eu e Daniel já conversávamos sobre as possibilidades de parto, sobre a forma como o nascimento é encarado e vivenciado no Brasil e aqui na Holanda e, confesso, que fiquei muito feliz com a realidade daqui. Na Holanda uma grávida não é sinônimo de bomba relógio que pode estourar a qualquer momento. Tudo aqui é muito naturalizado, me sinto uma Pessoa, respeitada e cuidada em tudo que preciso. E isso não quer dizer que eles têm, aqui, uma postura paternalista, aquela coisa de quase colocar no colo. Não! Se não fizer perguntas para as perteiras, elas não têm o que responder, então fica subentendido que devemos, nós mesmas, buscar informação, procurar entrar em contato com o próprio corpo, saber ouvir e reconhecer os sinais que ele nos manda, pra daí acontecer a troca de informações com os profissionais.
Eu e Daniel estamos buscando essa BELEZA e esse ENCANTO que o parto pode ser. Sei que muitos não concordam com nossas escolhas, mas tenham, todos, certeza de que ela está sendo feita diante de muita consciência, muito cuidado (nosso e dos profissionais que nos acompanham), respeito e, mais que tudo isso, com muito amor: amor por mim, pelo meu corpo, pelo meu parceiro e por nosso bebê. E foi na tentativa de responder às perguntas que o texto acima coloca que trilhamos o caminho do parto domiciliar e consciente.