quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Colocando a mão na massa!!!!

Depois de um período muuuuuuuiiiito longo de ausência inspiratória, ou mesmo de viagens que valessem à pena comentar, retorno ao meu pobre bloguinho com uma viagem diferente...

Há duas semanas ganhamos de presente uma máquina de pasta, ou no bom e velho português-brasileiro, máquina de fazer macarrão. Quando abri o pacote e vi todos os instrumentos encaixotadinhos pensei "Zizus, parece mais instrumentos de tortura, kkkkkk". Confesso que sempre tive um fascínio por massas caseiras e sempre achei que seria dificílimo fazê-las. Lembro-me bem de uma viagem que eu e Lelo fizemos pra Chapada Diamantina e, no Vale do Capão, descobrimos um argentino (se não me engano o nome dele é Diego) que tinha um restaurante e sua especialidade era massas caseiras. Hummmmm, que delícia, aquela massa fresquinha, bem macia e com um bom molho por cima e um bom vinho pra acompanhar. Maravilha!!!!! Mas esse sonho de fazer a própria massa estava muito distante de mim, que naquela época só sabia fritar ovo, hehehe!

Mas nada como o tempo pra nos aprimorar... Eis-me aqui realizando vontades e alimentando desejos. Bom, primeiro fui ler o manual de instruções do meu aparelho de tortura, depois, como boa internética que sou, fui procurar algumas dicas em sites de culinária e depois cansei disso tudo e fui fazer mais ou menos do jeito que achava que tinha que ser...

Peguei minha farinha de trigo e os ovos, fiz aquele buraquinho no centro do "morro de trigo" e coloquei o primeiro ovo. Ops! Acidente à vista! O buraco que fiz só coube um ovo e a receita levaria dois. O que fazer??????? Coloquei o outro assim mesmo. Resultado: acidente!!!!!! O ovo saiu correndo da farinha de trigo e eu atrás dele, puxando com a mão toda melada, Ahhhhhh, vai dar errado!!!!!!! Mas calma, essa história não acaba em pizza! Eu fui mais rápida que ovo e consegui fazer ele se unir à farinha de trigo. Segundo obstáculo e talvez esse seja meu maior problema nas aventuras culinárias: o tamanho das xícaras!!!!! A receita pede duas xícaras e assim o fiz (mas acho que minhas "canecas" são quase o dobro do tamanho ideal de xícara. Resultado: tive que acrescentar mais ovos e refazer a corrida dos ovos, heehe!) Mas daí a coisa foi ficando gostosa...

Já faz tempo que descobri que eu adoro colocar a mão na massa (desde que aprendi a fazer massa de quiche!). Aquilo que aparentemente é um amontoado feioso começa a tomar forma. A gente começa a "acarinhar" a massa e ela vai ficando comportada, tomando jeitinho de algo que vai ficar gostoso (p.s.: geralmente eu sou daquelas que enquanto cozinha vai se empolgando com a própria comida e no final estou morrendo de vontade de experimentar minhas invenções!). Eu acho uma delícia ficar ali "amassando a massa" e confesso que faço isso com o maior carinho, colocando vontade e desejos naquela mistura de trigo e ovos... Eita, lembrei-me de "Como água para chocolate"!

Massa feita, ainda tinha mais um desafio: como usar a máquina!!!! O manual explica bem direitinho, tem até foto, mas quem já não teve aquela sensação de que, no manual, tudo parece muito mais simples do que verdadeiramente é?! Pois é... Peguei parte da massa e comecei a passar pela máquina, "Ihhhhhh, a máquina não fica parada no canto!!!! Como é que eu vou passar a massa pela máquina e seugurá-la ao mesmo tempo?!" Aha, foi aí que descobri pra quê servia uma pecinha pequenininha que tinha lá! Era pra prender a máquina no canto da mesa! ÊÊÊÊÊ! assunto resolvido, lá fui eu torturar a coitada da massa. Qual o quê! Ela até parece máquina de tortura, mas na verdade é a máquina que termina de fazer o carinho na massa até ela ficar no ponto. Na primeira "passada" ainda achava que seria um desastre, a massa se quebrou toda... Depois ela foi gostando daquele passa-dobra todinho e foi ficando com uma cara linda!!!!! E eu, claro, fui me empolgando e ficando toda orgulhosa! Terminei o passa-passa e fui cortar a massa. Escolhi o corte de fetuccini (que chique poder escolher o corte né, kkk) e, apesar de nas fotos do manual eles estarem mais bem feitinhos, o meu estava bem legal.

Liguei meu fogo, e coloquei a massa pra cozinhar e... mais uma surpresa: como cozinha rápido!!!! Fiz um molho de tomate com alho e manjericão e faltava o último desafio: a aprovação do público! E é claro que o maridão é a primeira cobaia (e maior entusiasta) das minhas viagens culinárias (e eu também, porque sou daquelas que se não gosto da comida que fiz, especialmente aquelas que me dedico mesmo, fico no maior mau humor). Mesa posta, vinho nas taças, 1,2,3 e, tcharamramram, ficou uma delíiiiicia!!!!! A massa fresca absorve mais o gosto do molho, é mais saborosa e mais macia e ainda está cheia de carinho.

E, nessas viagens todas, descobri mais uma paixão: adoooooro colocar a mão na massa!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Paris... até a última gota!

Morar na Europa tem dessas coisas. Há um mês atrás recebemos um convite de um amigo para passarmos o fim de semana em Paris. De cara aceitamos o convite - "nossa conhecer Paris..."
Na sexta nos encontramos com Carlos e pegamos a estrada. Com exatas cinco horas chegamos na tão famosa Cidade dos Boulevares. Uma cidade signo. A chegada é impactante, pra onde se olha tem monumentos incríveis, impregnados de História. Bom, chegamos às onze da noite e a única coisa que fizemos (depois de um rápido tour de carro) foi dormir, pra acordar cedo e aproveitar o dia - seize the day - carpe diem!

E foi o que fizemos! Começamos nossa caminhada às dez da manhã, pegando um metrô e fomos para todos os pontos turísticos que nossas pernas puderam aguentar (porque a cabeça, que foi atulhada de informação, já esqueceu um monte de coisas, kkk). A Bastilha (que não existe mais), Place des Vosges, Centro Pompidou, Notre Dame (ela é mais bonita de costas), Ópera Garnier, as Pontes do Sena, Jardins de Luxemburgo,Saint Germain des Pres, Arco do Triunfo etc, etc, etc. Quando deu seis da noite, nosso amigo desistiu de continuar batendo perna com a gente e resolveu voltar para o Hotel. Nós, que tínhamos marcado de se encontrar com um casal de amigos, continuamos nossas aventuras. Pegamos outro metrô e fomos parar nas escadarias da Sacré Coeur - ou Seu Crécré! Encontramos com Pedrão e Julieta e a monstrice começou.

Na verdade foi assim. Até às seis da tarde eu sentia que estava consumindo a cidade com os olhos. A grandiosidade dos monumentos, a quantidade de informação histórica associada a eles, a quantidade de fotos que tirei (parecia que era um backup pra minha memória). Depois das seis comecei a curtir de forma mais tranquila, observando mais os detalhes pequenos, uma pixação numa parede, uma plaquinha indicando um atelier, um gato preto escondido atrás de umas plantinhas... Foram dois momentos muito distintos.

Mas bom, andamos pelas ruas de Mont Martre e acho que todo aquele ar boêmio que no século XIX esse bairro respirou, também nos inspirou. Resolvemos comprar uma garrafa de Absinto e curtir a noite nas escadarias do Seu Crécré. Foi simplesmente ARRETADO!!!! Fomos presenteados com uma Lua Cheia, iluminando uma cidade que estava indo dormir. Nós, acordadíssimos e empolgadíssimos depois de acabar com a fada verde, fomos andar ainda mais pelas ruas de uma cidade que ainda estava acordada. Só que na empolgação do nosso encontro com Pedrão e Julieta, esquecemos de algumas coisas práticas, tipo, o metrô só funciona até duas da manhã. "Que horas são???" "Dez pras duas!!!!" "Corre que ainda dá tempo de pegar". Mas não deu!!! No meio do caminho os metrôs pararam de circular. "E agora???" E e Daniel já estávamos pensando que teríamos que voltar andando, mas nosso amigo Maldito salvou a noite (e deixou ela ainda mais divertida!!!). Vamos alugar umas bicicletas. Uau!!!!! Depois de tomar uma garrafa de Absinto (55% de álcool), andar de bicicleta, de madrugada, é muuuuuiiiiiito bom. Lá fomos nós terminar nosso passeio turístico no Moulin Rouge. Ainda faltava visitar um ícone da cidade - A Torre Eiffel! E lá fomos nós, passamos debaixo dela de bicicleta e, para a minha surpresa, ela estava apagada ("estava sem maquiagem" "A torre por ela mesma"). Mas foi tão divertido que nem liguei pra isso.Chegamos no Hotel jurando que o bar estaria aberto, pois não estávamos dispostos a ir dormir às três da manhã, sabendo que iríamos embora no outro dia e sem saber quando veríamos Pedrão e Julieta de novo. Pro nosso desespero, o bar estava fechado. Palma, palma, não priémos cânico!!!! Tinha uma brasileira trabalhando na recepção do Hotel e ela nos avisou de uma vendinha (de um Turco que falava Português), que passava a madrugada aberta. É claaaro que fomos lá. Duas vezes por sinal. E ficamos conversando no Hall do Hotel até não aguentarmos mais. Às quatro da manhã a cozinha estava começando a funcionar e um funcionário (que santo) trouxe quatro pain au chocolat pra nós, pobres bebinhos, kkkk! Que delícia. Ficamos até as seis da manhã juntinhos, bebendo e conversando besteira.

Às oito tínhamos que acordar para ir para o Louvre. Ui ui ui. Tiramos um cochilo de duas horinhas e Daniel conseguiu a façanha de acordar mais bêbo do que quando foi dormir. Estávamos os dois numa ressaca braba dentro do Louvre.Resultado, não vi a menor graça na Monalisa. Provavelmente a ressaca e a quantidade de gente ao redor ajudou na minha antipatia pela estrela do museu, mas de fato, não achei lá essas coisas.

Domingo à tarde pegamos a estrada de volta pra Holanda e a sensação que levei de Paris é que aproveitamos até a última gota (de cachaça, kkkkk). Uma cidade muito bonita e que merece ser visitada com mais calma, mas ainda assim, valeu muito a visita!

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Um São João diferente!

Esse foi o meu primeiro São João fora do Brasil. E quem me conhece sabe que eu adoooro essa festa e tudo que se relaciona com ela: canjica, pamonha, milho cozido, munguzá, forró, côco, fogueira, fogos e por aí vai. Sem contar que a data é especial pra mim e pra Daniel, pois há nove anos atrás nos conhecemos num "rala-bucho" e há cinco anos organizamos o nosso próprio arraial pra comemorar nossa escolha de compartilharmos nossas vidas. O São João é especial mesmo!!!!!

Mas, como ia dizendo, esse foi meu primeiro São João longe do Brasil. E decidimos que, em vez de procurar alguma festa "brasileira-junina", iríamos passar um São João diferente. Fomos acampar numa ilha, chamada Vlieland, que fica na Frísia (bem no norte do país), uma das províncias que compõe os Países Baixos. E como era uma ilha, tivêmos que pegar um barco pra atravessar o WaddenZee. A travessia leva uma hora e meia e é bem legal, pois fica um monte de gaivotas ao redor do barco pegando carona nas correntes de vento que o barco cria. E é uma onda, as bichinhas são quase treinadas, ou melhor, estão mal acostumadas. Elas ficam ao redor do barco pra que o pessoal jogue comida pra elas. Eu entrei nessa e até consegui fazer com que uma viesse comer na minha mão! Mas eu tava morrendo de medo que elas bicassem meu dedo, kkkkk!



Mas, voltando ao começo da história... Sábado acordamos bem cedinho pra começar a odisséia pra chegar lá. Tivemos que pegar quatro trens, um barco e ainda fazer uma caminhadinha pra chegar até o camping. Só que entre os trens e a hora de pegar o barco, tivemos que esperar quase três horas. Aí aproveitamos pra conhecer a cidade portuária, Harlingen. Demos umas voltas pelo centro histórico que é bem pequeninho e ainda vimos um casamento acontecer, com a noiva chegando na prefeitura num mustang, toda moral, kkkk!!



Contando desde a hora que a gente saiu de casa até montar a barraca no lugarzinho dela, foram doze horas. Estávamos moídos de cansados, ou como eles dizem aqui "Ik was kapot". No outro dia saímos pra explorar a ilha. Passamos o dia caminhando pelos bosques de pinheiro nas dunas, fizemos pic-nic, achamos vários mirantes, com vistas lindas. Estávamos voltando pra casa/barraca, quando avistamos a pobre coitada sofrendo com a tempestade de vento que estava rolando. Nossa barraca só não voou pelos ares porque estava cheia de tralha dentro. Essa foi nossa sorte, porque ela estava quase toda desmontada. Ui ui, que aperreio. Na verdade a gente fez besteira. Montamos a barraca em cima de uma duna, completamente expostos ao vento. Talvez seja resquícios da herança portuguesa, de construir no alto das colinas. Mas, já diz o ditado "em Roma aja como os romanos". Na holanda, aja como os holandeses. E lá fomos nós achar um "buraco" pra montar a barraca. Estávamos, litralmente, em terras baixas. Foi a nossa sorte, pois se não a barraca não aguentaria. Mas bem, camping sem aventura não está completo né?!

Resolvido esse probelminha, contuamos nos curtindo e curtindo o lugar. A noite de São João mesmo, passamos à beira da praia, vendo um pôr-do-sol maravilhoso, bebendo vinho e tocando violão. Não tinha nada de São João, mas ficamos lá lembrando de todos os outros São Joãos arretados que passamos e de como esse vai entrar pra nossa história paticular. Sem canjica, sem forró, sem fogueira, mas estávamos juntinhos um do outro, se curtindo bastante e comemorando nossas bodas de madeira. E quanto à falta que sentimos das coisas da terrinha, é como diz aquela música "saudade o meu remédio é cantar, laiá laiá laiá laiá..."



Foi a primeira vez também que a gente acampou aqui na Holanda e mesmo com todos os perrengues, a nossa barraquinha aguentou o tranco. Só tem um detalhe, acampar por aqui exige muito mais tralha porque, mesmo estando no verão, à noite a temperatura esfria bastante e pra quem já acampou sabe que quando tem sol a barraca é um forninho, mas quando tá frio ela vira uma geladeira e aí a gente teve que levar uma quantidade de tralha bem grande.

Voltamos pra casa com gostinho de quero mais. Foi um São João diferente, mas foi um São João maravilhoso!!!! Essa é mais uma viagem que compartilho aqui, nas minhas viagens...

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Viagens pelo Português

O que é, o que é: de frente sou uma cabra, de lado sou um mocho???
Advinharam???
É a torre da Universidade de Coimbra, claro!! Kkkkkkkk!!!!!


É que nessa torre tem um sino, que foi apelidado de "Cabra" (que em Portugal quer dizer chata!), que era o responsável por acordar os estudantes todas as manhãs às sete da madruga, daí porque "cabra". Porém, se olharmos de lado para a torre, ela fica parecendo um Mocho (um tipo de coruja). E aí, foi assim, estávamos num táxi em Coimbra, e o motorista, muito simpático, estava falando um pouco da cidade e aí, quando ele passou por essa torre, ele apontou e perguntou assim pra gente: vocês já viram a cabra que vira mocho???
Hein??? cuma????? Não entendi nada do que o motorista falou! Cabra, que vira mocho??? Primeiro, não tava vendo nenhuma cabra por perto, e na verdade, nem sabia o que era mocho, quanto mais uma cabra que vira mocho, kkkk!!!!!
E só depois, quando outra pessoa nos contou sobre a história do sino e eu descobri o que era um mocho, a hostória toda fez sentido!!! Dããã!!!
O problema é que depois que descobri o mocho na cabra, não conseguia ver mais a torre, só o mocho! Não tinha jeito, olhando de frente, de lado, de baixo, de todo jeito, meu olho ficou viciado no mocho!

Outra experiência engraçadíssima foi descobrir que em Coimbra, dizer "foda-se" não é insulto! Quando você dá uma topada, fala: FODA-SE!
Quando toca uma música boa: FODA-SE!
Quando tá com raiva: FODA-SE
Quanto não está com raiva: FODA-SE!
E a história foi mais ou menos assim: fomos pra Coimbra visitar um casal de amigões nossos, mas fomos em dias de festa por lá. A festa das queima das fitas, (ou queima do grelo, que é a fita de formatura que vai ser queimada. Apesar de que muito grelo mesmo, em português do Brasil, é queimado durante as comemorações, hehehehe), que dura uma semana inteeeeeiiira. É a festa de formatura da Universidade de Coimbra, e como a cidade é estudantil, já viu o tamanho da farra. E a abertura oficial é uma Seresta cantada no pé da Igreja da Sé Velha. Fomos pra lá e qual a nossa surpresa quando vimos a multidão, tipo Olinda nos quatro quantos. A maioria do pessoal desistiu de tentar chegar perto, mas eu, Daniel e Gabi fomos corajosos e nos aventuramos na multidão. (A foto abaixo é antes de chegarmos nos "quatro cantos" da Sé Velha!!)


Detalhe, todos os formandos usam uma beca completa e volumosa... E nessa multidão toda, a galera tirou a beca e pendurou na mão. Resultado, muita beca arrastando no chão e sendo pisada, hehe! E de repente, eu escuto um grito no pé do ouvido: Minha beca, larga a minha beca!!!! Olhei e vi que era comigo. E disse, não sou eu, não sou eu.
Respota: FODA-SE! FODA-SE! FODA-SE!
Levantei as mãos, pra mostrar que não era eu mesmo que estava puxando.
E a menina: FODA-SE! FODA-SE! FODA-SE!
Fiquei sem saber o que fazer pra convencer a menina de que não era eu
Depois rodrigo nos explicou que ela não estava falando tão literalmente assim, que era uma expressão muito usual por lá!!!!
Acho que também conta a quantidade de finos (chopp) ingerida, kkkk!

Mas... Voltando à cabra, digam mesmo se não é um mocho direitinho??? E pra mim ele tá até rindo. Tá ou não tá?!


domingo, 27 de abril de 2008

Saudades...

Sabe aquelas horas que não se sabe como um pensamento surgiu na cabeça da gente, o que foi que o motivou, de onde ele chegou? Pois é, ultimamente estou tendo algumas experiências desse tipo e, refletindo bastante sobre tais pensamentos, estou chegando a conclusão de que é SAUDADE!

Na verdade não são bem pensamentos, mas lembranças, mas elas são tão fortes que muitas vezes traz junto outras sensações. Explico melhor: outro dia estava aqui em casa, tínhamos acabado de fazer feira e fui preparar um cafezinho pra mim e pra Daniel. Abri o pacote e qual foi minha surpresa, de experienciar uma sensação de que estava na Várzea, na minha casa, fazendo nosso café. Foi uma sensação incrivelmente forte. E lembrei-me que o tal café que estava abrindo aqui era brasilieiro e o seu cheiro me reportou para minha terra, me teletransportou para a minha casa na Várzea e por frações de segundo me vi lá.

A mais nova que tive foi água de côco. Ai ai ai, estava aqui, olhando o povo holandês lagartixar no solzinho de 15 graus e, imediatamente, me vi em Porto de Galinhas, caminhando pela praia, num sol de 35 graus, tomando uma água de côco geladinha. Nossa, fiquei salivando... Kkkkkk!!

Pois é, morar fora por muito tempo tem dessas coisas, às vezes faz a gente se enraizar ainda mais em determinadas lembranças, em coisas que faziam parte do nosso mais comum cotidiano. É a saudade...

sábado, 12 de abril de 2008

A modernidade e a Caretice na Holanda.

Depois de quase um ano morando aqui na Holanda, começo a perceber algumas idiossincrasias em relação à cultura. Em geral, as pessoas acham que os Países Baixos são um lugar super aberto, democrático - "pra frentex". Levando em consideração a legislação do país, acho que poderíamos dizer isso mesmo, haja vista a legalização de dogras leves, da prostituição (ainda tenho minhas dúvidas nesse ponto), do aborto, da eutanásia, do casamento homossexual, sexo no parque (saiu na globo, eu sei, mas perguntei a alguns holandeses e eles ainda não estão sabendo disso!). No entanto, acho que isso é mais um avanço da lei do que dos hábitos cotidianos, propriamente ditos.

Outro dia estava com Daniel numa loja, esperando dois amigos e, como casal apaixonados que somos, enquanto esperávamos, trocamos uns beijinhos. Beijinhos mesmo, nada de mais, só que, para a minha surpresa, quando levantei a vista, tinha uma senhora, nos olhando com a maior cara de repressão, achando aquilo um absurdo e talvez até um atentado ao pudor! É sério! É raro vermos casais na rua, trocando carinhos e afagos. E aí eu me pergunto: beijo na rua não pode, mas sexo no parque (desde que seja de noite e sem muito barulho) pode???

Visitei o bairro da luz vermelha. Talvez no início ele até tenha gozado de certo prestígio, mas hoje é um lugar decadente, feio. A holanda está tentando "revitalizar" o red light district, mas muito mais como uma atração turística - coisa pra gringo ver - do que algo para os holandeses, como estímulo para a prática. As drogas são permitidas, mas se você sai da linha em público, logo logo chega a polícia para lhe acalmar. Pode ficar doido em alguns parques, ou mesmo na sua casa, mas numa vizinhança familiar, não. Certas drogas são permitidas, mas o uso em vias públicas não.
Até hoje, nunca vi um casal homossexual de mãos dadas na rua. Conheço um brasileiro que é casado com um holandês e ele conta que sofre muito mais preconceito aqui nos Países Baixos, onde o casamento homossexual é permitido, do que no Brasil.

No caso que concerne especificamente à situação da mulher na sociedade holandesa, acredito que o aborto legalizado é, de fato, um ganho enorme. Só o fato de você poder ir numa clínica especializada, ser atendida de forma legal (no sentido da lei) acho realmente que isso é um avanço. Por outro lado, como "regra" geral, as mulheres holandesas que casam, deixam de trabalhar para se dedicar 100% à família e aos cuidados domésticos. E isso não é só quando os filhos são pequenos não. Elas deixam de trabalhar mesmo, viram donas de casa. Tanto é verdade que por exemplo, nas Universidades, a quantidade de mulheres na pós-graduação é muito pequena e, como tentativa de diminuir essa diferença, existe bolsa de incentivo para holandesas que quiserem continuar os estudos e as pesquisas acadêmicas. No entanto, quase não existe contingente aplicando para essas bolsas!
Não existe a alternativa do homem dividir as tarefas domésticas e os cuidados com o filho. Diferentemente, na Alemanha, pesquisas apontam que é melhor, (tanto no sentido de lucro, quanto no sentido familiar) que ambos os pais trabalhem meio expediente, para que eles possam se alternar nas tarefas domésticas, do que apenas um (no caso, a mulher) fique em casa o dia inteiro.

Então fico pensando que a lei é, realmente, muito desenvolvida no sentido dos direitos do cidadão, do respeito às diferenças. Mas existe uma diferença muito grande entre a lei e o comportamento do holandês médio. Talvez isso ainda seja uma dificuldade minha, afinal entender uma cultura é trabalho super difícil, que o diga os antropólogos, mas a impressão que me dá é que a lei não é um espelho da sociedade. Aqui o discurso da normalidade é muito praticado, tanto que existe uma expressão: o "doe normaal", traduzindo, faça, seja, haja de formal normal, igual aos outros. Não seja diferente!

Esses avanços na lei, na minha impressão, são muito mais para enquadrar numa normalidade aceitável esses padrões "desviantes", do que uma aceitação do diferente. Ou talvez, a lei seja o último resquício da geração dos anos 60, que tentou "mudar o mundo", pois vejo que os mais velhos são mais abertos (inclusive culturalmente) do que a juventude atual. Não é à toa que a extrema direita está crescendo aqui nos Países Baixos, com um discurso xenófobo e intolerante.

Não sei, mas tirando alguns lugares/não-lugares em Amsterdam, onde quase tudo é permitido, para mim os Países Baixos é um lugar super conservador. Não quero, com isso, afirmar que todos aqui são intolerantes ou caretas, e sim falar da quebra de alguns estereótipos que eu tinha antes de vir pra cá e que agora, vivendo de perto a cultura, vejo que não é assim. É como falei no começo do tópico, são as idiossincrasias daqui, mas qual a cultura que não tem???

sábado, 1 de março de 2008

Escritos nas paredes

Uma das coisas pelas quais Leiden é conhecida são os poemas escritos nas paredes da cidade. Virando uma esquina, pode-se encontrar Rimbaud, Baudelaire, Sheakspeare, Neruda, Camões... E Carlos Drummond de Andrade. E foi, numa tarde cinzenta de fevereiro, que Daniel encontrou nosso brasileiro, escondido numa parede esquecida dentro de um Hof (jardim interno). Confesso que, quando ele chegou em casa dizendo que havia "encontrado" Drummond, senti uma sensação de aconchengo. É como se a cidade, que sempre está a nos dizer que somos diferentes e estrageiros, fizesse um reconhecimento à nossa cultura, mesmo que num pequeno detalhe como esse. Oh Leiden Graciosa!!!!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Sobre a Luz e os Humores















Nasci num domingo ensolarado.
Falaram-me que era primavera!
Como uma flor,
meu humor se alimenta dos raios brilhantes,
dos dias claros.
E assim, cresci e amadureci.

Encontro-me agora, sob as noites longas,
Os dias escuros e frios.
A névoa me oprime, me entristece, dá-me preguiça!
Como uma flor,
estou faminta de sol, de luz, de claridade.

Como uma flor, anseio pela primavera!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Resolvi fazer um blog também


..."Lá fora, era uma manhã cinzenta e fria de novembro, e chovia a cântaros. As gotas escorriam pela vidraça e por cima das letras floreadas. Tudo o que se via através das vidraças era uma parede manchada pela chuva do outro lado da rua"...
Bom, já que é pra ter um 'diário' virtual, que ele começe como uma fantasia e siga como uma história sem fim...
Pois é, depois de alguns meses aqui na Holanda, resolvi fazer um blog para compartilhar momentos, viagens e "viagens", como mais uma forma de entrar em contato com todos que são queridos.
Para diminuir a distância...
Para acalentar a saudade...